

Sempre quis ter uma
profissão que eu pudesse
fazer algo a mais que
produzir dinheiro
ou mercadorias.
Gabriel
Gabriel Papa Ribeiro Esteves
Depoimento
Gabriel Papa Ribeiro Esteves. É assim, com todos os nomes, que gosta e faz questão de ser chamado. E a explicação não poderia ser mais justa: é uma homenagem aos seus antecessores que, independentemente de adversidades, sempre apostaram e priorizaram a educação enquanto formadora de seres humanos melhores. “Nossa família acredita que o conhecimento é a maior riqueza que alguém pode ter. O saber estará aonde for e ninguém irá tirá-lo de você”, acrescenta.
Com o término do colegial, fez um ano de cursinho e entrou em Ciências Sociais na Unesp Araraquara, em 2008. Prestes a concluir a licenciatura, começou a se planejar para obter também o bacharelado. Foi nesse momento, em 2013, enquanto estava para tirar a sua segunda diplomação e apontando possibilidades de um mestrado, retomou o contato iniciado lá em 2006 com a fundação.
"Foi extremamente importante para mim. Eu já estava há muito tempo na universidade, minha família bem desgastada com esse processo, além da diculdade de conciliar dois níveis de aprendizado e o trabalho. A ajuda da fundação permitiu que eu me dedicasse integralmente aos estudos, podendo avançar na minha graduação e na pesquisa do mestrado", conta Gabriel.
Nessa trajetória, o sociólogo ainda foi professor em um cursinho popular, pré-vestibular da Unesp, chamado CUCA, dando aulas de História. Ali, seu papel foi muito mais à frente do de docente. Ao nal de 2013, a prefeitura de Araraquara pretendia cortar o programa, mas, contando com outros educadores, alunos e população, foram a uma sessão da Câmara de Vereadores para apresentar a importância da iniciativa, inclusive com depoimentos de pessoas que tiveram a vida transformada por ele, e expor as diculdades enfrentadas. E a resposta não poderia ter sido melhor: o programa foi mantido e funciona da mesma maneira até hoje.
De volta à cidade de origem, Cravinhos, Gabriel passou a lecionar na escola SEVIME, cando por dois anos, e também no Instituto Santa Úrsula, em Ribeirão Preto, onde ainda trabalha, além do Colégio Anchieta, no mesmo município. Em 2017, ingressou no doutorado em
Ciências Sociais, pesquisando o papel dos meios de comunicação no Brasil e a relação deles com o período da ditadura. “Sou um crítico do regime militar, à medida que eu entendo que ele vai contra a todos os preceitos morais e cívicos que defendo, que conguram a garantia de uma sociedade justa, de igualdade de oportunidades.
Como resultado dos meus estudos, publiquei um livro intitulado "O paradoxo da realidade social – mídia, memória e ditadura no Brasil".
Há uma força em suas palavras que traz verdade a um discurso que transcende a vontade intangível de "salvar o planeta. Gabriel exterioriza não uma audácia, mas o compromisso, o dever de plantar sementes, seja por meio de suas convicções, atitudes e/ou daquilo que transmite aos seus alunos em sala de aula. “Sempre quis ter uma prossão que eu pudesse fazer algo a mais que produzir dinheiro ou mercadorias. Eu almejava um trabalho que, através do meu esforço, da minha dedicação, tivesse a capacidade, o potencial de ajudar os outros a compreender melhor o mundo em que vivem”.
Sua luta está longe de ser um mero desejo de um jovem sonhador. Seus valores são sólidos, construídos sobre uma base nutrida de respeito e princípios.